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    Nova e eterna Aliança

    Série de artigos sobre ALIANÇA: COMPROMISSO DE AMOR

    Artigos

    22.02.2022 10:09:34 | 8 minutos de leitura

    Nova e eterna Aliança

    Jairo Ferreira de Melo, postulante PSDP

    Eis que chegamos ao cerne da série: “Aliança: compromisso de amor”. Neste artigo vamos nos ater, na pessoa de Jesus Cristo, a Aliança encarnada. Se você acompanhou as leituras anteriores da série, notou, certamente, que tudo concorreu para este momento da história da Salvação, assim como o cristianismo considera este evento como o principal dentre todos os acontecimentos contidos nas Escrituras. Por essa razão, São João começa seu Evangelho dizendo: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto com Deus e o Verbo era Deus." (Jo 1,1). "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória" (Jo 1,14). E ainda, mais adiante: "Porque Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho único, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3,16). Estes são os pontos de partida para adentrarmos na temática do artigo: Jesus é Deus; assumiu a condição humana, e é o único Salvador.

    É de conhecimento geral que o povo judeu aguardava a vinda do Messias; as Escrituras já apontavam para este momento. No entanto, isso acontece de uma forma inimaginável para a época, e se fosse hoje também: o fato de o Salvador ter nascido numa gruta em Belém, despido de toda sua realeza. Todavia, aquela noite de Natal marca o começo de uma nova era. Deus assume a condição humana; cresce conforme os costumes do seu povo, vem para dar testemunho da verdade (cf. Jo 18,37); mais ainda, Ele se revela como a Verdade (cf. Jo 14,6); apresenta-se – de maneira indireta –, como Deus: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10,30), “quem me vê, vê o Pai.” (Jo 14,9).

    Estando prestes a iniciar sua vida pública, Jesus é precedido pelo último dos profetas, João Batista, que prepara é plaina os caminhos do Salvador. João, no entanto, anunciava que o Reino dos Céus, convidava o povo à conversão e os batizava nessa intenção. Todavia, deixava claro que não era o Cristo, como muitos pensavam (cf. Jo 1,25), mas era a voz que clama no deserto: “Endireitai o caminho do Senhor, como o disse o profeta Isaías” (Jo 1,23). E acrescentava acerca do Cristo: “esse é quem vem depois de mim; e eu não sou digno de lhe desatar a correia da sandália.” (Jo 1,27). João Batista, em outra ocasião, ao ver Jesus que ia passando, professa: “Eis o Cordeiro de Deus” (Jo 1,36).

    Na Epístola aos Filipenses, São Paulo expõe um aspecto primordial na vida de Jesus: “Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz.” (Fl 2,6-8). Com isso, vemos que o propósito do Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó é restituir o que fora rompido pela queda dos antepassados, com o pecado original e suas consequências.

    A partir disso a teologia nos coloca que a missão de Cristo enquanto enviado de Deus passa por esse processo de Kenosis – esvaziamento da sua própria vontade e aceitação da condição divina. Mas por que o Filho, sendo um só Deus na Santíssima Trindade, teve que se submeter de tal forma ao Pai? A resposta encontramos nas próprias palavras do Cristo: “desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.” (Jo 6,38). Jesus não o faz por mera submissão, porque deveria fazer a vontade do Pai, e ponto. Contudo, o faz por livre decisão, como lemos: “Meu Pai, se é possível, afasta de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres” (Mt 26,39). E a vontade do Pai é de restaurar todas as coisas em Cristo. Isso é o que o cristianismo nos apresenta como Redenção: paixão, morte e ressurreição.

    C. S. Lewis no seu livro Cristianismo puro e simples, faz uma comparação interessante de uma pessoa dentro de um buraco, sendo tirada pelo amigo que está fora, com a missão de Jesus Cristo, que salva a humanidade decaída no “buraco”, já que Ele é o único que se encontra fora. E tirar o amigo do buraco, nesse sentido, é a Expiação dos nossos pecados. O autor considera o seguinte: “A crença central do cristianismo é que a morte de Cristo de alguma forma nos colocou em ordem com Deus e nos permitiu ter um novo começo” . E ainda: “Ouvimos que Cristo morreu por nós, e que a sua morte lavou os nossos pecados, e que, ao morrer, ele anulou a própria morte. É nisso que se deve acreditar.” . Tudo isso com o intuito de restituir a dignidade de filhos e filhas de Deus; refazer a Aliança que fora rompida; abrir as portas do céu para nós.

    Se no antigo Testamento o povo escolhido ofereceu sacrifícios, holocaustos e oblações como primícias à Deus, derramando o sangue de animais; Cristo Jesus, se oferece em sacrifício uma vez por todas, a fim de redimir o gênero humano. Com isso, se cumpre a profecia de Isaías: “Foi maltratado, mas livremente humilhou-se e não abriu a boca, como cordeiro conduzido ao matadouro; como ovelha que permanece muda na presença dos tosquiadores ele não abriu a boca.” (Is 53,7). Pois, o próprio Cristo, tomando o pão em suas mãos durante a ceia com seus discípulos, diz: “Tomai e comei, isto é meu corpo” (Mt 26,26); e depois com o cálice: “Bebei dele todos, pois isto é o meu sangue, o sangue da Nova Aliança, derramado por todos os homens em remissão dos pecados.” (Mt 26,27-28). Entregou, assim, o Seu corpo e derramou o Seu sangue por nós. Tais acontecimentos marcam a centralidade da Aliança de Deus com a humanidade. 

    A missão de Jesus não teria sentido se acabasse com a sua morte física, destarte, como vemos no Evangelho de São Marcos: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e pelos escribas, ser morto e, depois de três dias, ressuscitar.” (Mc 8,31). Dessa forma, a Ressureição não é simplesmente a prova de que Jesus é Deus, o Salvador, mas é a plenitude do mistério Divino, que se encarnou, padeceu, morreu e ressuscitou ao terceiro dia. Após este acontecimento Ele subiu aos céus, mas garante sua presença conosco até os fins dos tempos, como lemos no Atos dos Apóstolos: “Este Jesus, que foi arrebatado dentre vós para o céu, assim virá, do mesmo modo como o vistes partir para o céu” (At 1,11). Nisto consiste a crença central do cristianismo.

    O Evangelista João registra no último versículo do seu Evangelho: “Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, creio que o mundo não poderia conter os livros que se escreveriam.” (Jo 21,25). Prestes a voltar para o Pai Ele afirma: “quem crê em mim fará as obras que eu faço, e fará até maiores do que elas” (Jo 14,12). Dessa forma, se manifesta ao longo do tempo aos fiéis da Sua Igreja, confiada a Pedro: “tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela.” (Mt 16,18).

    Com a certeza de que Jesus é o Cristo, filho do Deus vivo, que por meio Dele o Pai renovou sua Aliança, a nós fica o convite a vivenciar este compromisso de amor. Para isso é preciso comprometer-se com a entrega de Cristo; ser fiel ao seu chamado: vinde, também vós para a minha vinha (cf. Mt 20,1-16); fazer parte do corpo místico de Cristo (cf. Rm 12,5). O meio concreto de fazer isso é a participação ativa aos sacramentos, sobretudo da confissão e da Eucaristia. Consequentemente, cultivar a vida interior e a intimidade com aquele que deu a vida por nós.

    Para aprofundar/refletir:

    Sugiro a leitura do Evangelho de São João, pois abarca muitos detalhes da vida de Cristo. O livro de C. S. Lewis: Cristianismo puro e simples. Também indico a Imitação de Cristo escrito por Tomás de Kempis. Mais que um livro, este é um manual de santificação que ajudou na espiritualidade de muitos Santos e Santas desde a sua publicação no século XV, auxiliando nas práticas devocionais e na oração. Viva Cristo Rei!

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