Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso site. Ao continuar navegando você concorda com a nossa política de privacidade
Aceitar Cookies
Recusar Cookies
 
  •  
     

    Criação: Deus viu que Tudo era muito bom

    Série de artigos sobre ALIANÇA: COMPROMISSO DE AMOR

    Artigos

    22.10.2021 08:28:50 | 8 minutos de leitura

    Criação: Deus viu que Tudo era muito bom

    Jairo Ferreira de Melo, postulante PSDP

    A narrativa do livro do Gênesis – livro da origem, princípio –, escrito em vários momentos da história do povo de Israel, do povo judeu, inspirado por Deus. É o primeiro livro da Bíblia, e junto com os cinco primeiros, a saber: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio; formam o Pentateuco, os livros mais importantes para os judeus, constituindo a lei, a Torá. Lei esta que Jesus não vem abolir, mas, dar a plena perfeição (cf. Mt 5,17-19). Ao ler o livro do Gênesis, percebe-se que ele nos coloca muitas reflexões e ensinamentos acerca da criação do mundo, expondo os princípios da fé judaico-cristã. Portanto, neste artigo vamos nos centrar na temática da criação.

    No Símbolo niceno-constantinopolitano professamos: “Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis.”. Santo Tomás de Aquino afirma: “tudo que de algum modo existe, tem Deus como causa da sua existência” . Deus cria e vê que tudo é bom, porque tudo reflete o seu Amor (cf. Gn 1,31). Deus cria porque o Seu Amor superabundou. A história da criação demonstra a expressão do amor e da bondade de Deus, sendo infinitamente grande, o Seu amor e Sua bondade, cria o universo, colocando ordem no caos. O mundo criado manifesta a glória de Deus (Catecismo da Igreja Católica, n. 293), por essa razão, céus e terra proclamam o seu louvor, como vemos na Santa Missa, no Prefácio V (5º) do Tempo Comum: “Vós criastes o universo e dispusestes os dias e as estações. Formastes o homem e a mulher à vossa imagem e a eles submetestes toda criação. Libertastes os fiéis do pecado e lhes destes o poder de vos louvar...”.

    Ao criar tudo quanto existe: luz, firmamento, mares, continentes, plantas, sol, lua, estrelas, aves, peixes, animais terrestres e o Homem (cf. Gn 1); Deus faz uma Aliança com as criaturas, em especial com o ser humano, sua imagem e semelhança (cf. Gn 1,27). Cabe, assim, a toda criação bendizer ao Criador, conforme sua capacidade, como no cântico de Daniel: “Obras do Senhor, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o pelos séculos sem fim!” (Dn 3,57). No que se refere ao conceito de imagem e semelhança, Santo Tomás responde: “Que a natureza e operações mais elevadas do homem lhe permitem entrever a natureza divina e a vida intima da Augusta Trindade e imitam de certo modo a perfeição das Pessoas divinas” . Criados para serem felizes, e somente em Deus habita a felicidade plena (cf. CEC, n. 45); para viver uma relação íntima de amizade (amor); num estado perfeito de justiça (harmonia); e em comunhão perfeita com Ele (santidade), no paraíso denominado Éden, antes do pecado original.

    Ao primeiro homem e a primeira mulher, Deus chamou Adão e Eva. Deu-lhes uma ordem, constituindo, assim, os primeiros atos de Aliança: “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a” (Gn 1,28); colocou todas as coisas a disposição deles e impôs uma condição: “Podes comer de todas as árvores do jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás que morrer.” (Gn 2,16-17). Até então, o homem e a mulher não sabiam o que era morte, sofrimento, angústia. Todavia, ao dizer “não comerás”, o Senhor deixou-os livres para comer do fruto ou não, isto é, deu-lhes o livre arbítrio, a capacidade de escolha, vontade própria, para que os seres humanos demonstrassem o seu amor à Deus de forma espontânea e gratuita, levando em consideração seus mandamentos.

    O catecismo e as Escrituras atestam que o mal entra no mundo pela ação de um anjo, a princípio bom, que cometeu pecado contra Deus, de forma radical. Ele rejeitou o Reino de Deus e se opôs ao Criador, por inveja e por livre vontade, levando consigo outros anjos. Assim lemos na segunda carta de São Pedro: “pois, Deus não poupou os anjos pecadores, mas os precipitou no lugar do castigo e os entregou aos abismos das trevas, onde estão guardados até o juízo” (2Pd 2,4). Isto constitui a queda irrevogável e sem perdão de Satanás e seus anjos. Portanto, o pecado é uma invenção de um anjo, e pecar é abusar da liberdade que Deus dá as pessoas criadas (cf. CEC, n. 387). Satanás é criatura, logo seu poder não é infinito e não interfere nas ações Divinas, mas causa graves danos aos homens e a sociedade, a fim de romper a Aliança entre Deus e a humanidade.

    O mal vindo dos anjos das trevas, afetou o ser humano no momento de sua queda. Por essa razão o Catecismo afirma: “Pelo pecado dos primeiros pais, o Diabo adquiriu certa dominação sobre o homem, embora este permaneça livre” (n. 407). E ainda: “‘Instigado pelo maligno, o homem, desde o início da história, abusou da própria liberdade’. Sucumbiu à tentação e praticou o mal” (n. 1707). Isso implica dizer que não estamos livres do pecado original e possuímos uma inclinação para as coisas más. Todavia, nossa finalidade, pela Redenção de Cristo, é o retorno para Deus. Sendo assim, a vida dos filhos de Deus – Sumo Bem –, é um duro combate: físico, moral e, principalmente, espiritual contra o mal, que na visão de santo Agostinho: “é a ausência do bem”. Portanto, devemos praticar o bem e evitar o mal, este é o princípio da lei natural.

    Com esta concepção de mal e pecado, e de onde eles provêm, temos a narração de como surge o pecado original. No terceiro capítulo do Gênesis aparece a figura da serpente, simbolizando a ação tentadora do Diabo. Entretanto, vemos que as ações dos primeiros pais, Adão e Eva, eram livres, como já foi mencionado, e que tinham a plena consciência da consequência de desobedecer à Deus. Dessa forma, Eva poderia ter negado a sedução da serpente e Adão a indução de Eva, a comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, e manter a Aliança de obediência. Mas a serpente, isto é, Satanás, “pai da mentira” (Jo 8,44), usa de sua artimanha para atentá-la: “Não, não morrereis! Mas Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão e vós sereis como deuses, conhecedores do bem e do mal.”. Conduzida pela aparência do fruto, agradável ao paladar e desejável para adquirir discernimento, a mulher come e dá ao homem, dessa forma, percebem que estão nus, ou seja, percebem-se no pecado.

    Tentados a ser como Deus, caem no pecado da desobediência. Movidos pela concupiscência – prazeres e ganância por poder – querem ser como “deuses”, dessa forma, não precisariam mais de Deus, isto é a autossuficiência. Com este acontecimento, Adão e Eva desfazem a Aliança com Deus. São expulsos do Paraíso, tendo que arcar com as consequências do pecado original, o qual todos nascem com ele, precisando ser lavados pelo Batismo. “E o Senhor Deus disse: ‘Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal. Agora, pois, cuidemos que ele não estenda a sua mão e tome também do fruto da árvore da vida, e o coma, e viva eternamente’” (Gn 3,22). Não comer do fruto da árvore da vida significa estar privado da comunhão íntima com Deus, da vida eterna, experimentar dos sofrimentos e necessidades humanas: a morte, a dor, o esforço no trabalho etc. Por fim, Deus coloca os querubins para guardar o caminho da árvore da vida (cf. Gn 3,24).

    O livro do Gênesis é repleto de profecias e alusões que se referem a economia da salvação, para resgatar seus filhos da morte eterna, dando-nos uma segunda oportunidade de adentrar no Paraíso, por meio de uma nova e eterna Aliança. Todavia, até que chegasse o tempo oportuno para enviar seu Filho ao mundo, vemos a manifestação de Seu poder ao longo do Antigo Testamento: o começo da formação do povo de Deus; a revelação de Seus mandamentos; Sua Palavra transmitida aos profetas; Sua misericórdia e justiça perante as nações, libertando os cativos e dispersando os soberbos; derrubando muitos reinos injustos e elevando os humildes; demonstrando Seu Amor de geração em geração, recordando sempre a Aliança, até a vinda de seu Filho.

    (SUGESTÃO DE LEITURA)
    Caro leitor, para aprofundar no tema da criação, formação do homem e da mulher e na queda de ambos do paraíso, recomendo-lhes a leitura dos três primeiros capítulos do livro do Gênesis. Bem como, o quarto parágrafo, denominado “O Criador” (n.° 279-324), do primeiro artigo “Creio em Deus Pai Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra”, na segunda seção do Catecismo da Igreja Católica. Boa leitura, até o próximo artigo!

    Mais em Artigos
     

    Copyright © Pobres Servos da Divina Providência.
    Direitos reservados, acesse a política de privacidade.