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    Testemunho Vocacional da Irmã Beatriz Angélica Paulín.

    “Seduziste-me Senhor e eu me deixei seduzir”

    Testemunhos

    06.01.2022 10:10:49 | 6 minutos de leitura

    Testemunho Vocacional da Irmã Beatriz Angélica Paulín.


    Sou Irmã Beatriz, Pobre Serva da Divina Providência. Nasci na localidade de 7 Províncias, Diocese de Reconquista, Santa Fe - Argentina. Terceira de 11 filhos de Eusebio Paulín e Clotilde Moschén. Família de agricultores católicos, rezávamos e liamos o Evangelho todas as noites em família, e frequentávamos a vida da comunidade. Participava do grupo de jovens da capela, onde refletíamos temas para nos ajudar a viver bem a nossa juventude projetada ao futuro.


    Neste grupo, um dos jovens trouxe um convite da Paróquia para participar de uma Vigília de Pentecostes. Começaria às 21 horas do sábado e finalizaria às 6 da manhã do domingo. Decidi participar, pois nas festas ia todos os sábados e já sabia como era, a vigília era algo novo. Foi uma noite longa, com palestras, cantos, animação, via sacra, confissões, Missa. Pelas 4 da manhã começou a chover e muitos foram embora, mas fiquei até o final. Saí contente. O grupo cantou toda a viagem de regresso as casas. Chamou a atenção do meu pai, a minha alegria, que era verdadeira. Das festas voltava cansada, triste, vazia, esperando o próximo sábado. No entanto, essa semana, depois da vigília, foi de alegria e paz interior. Isso me fez pensar!


    A partir dessa experiência, os bailes começaram a ficar sem graça, o namoradinho que tinha não me fazia feliz, mas quando disse para minha mãe que o deixaria porque não gostava dele, ela respondeu que não encontraria outro bom como ele, de família boa etc. Mas numa noite não aguentei mais e o deixei. Quando falei para meu Pai que o tinha deixado ele me disse: “acho que tu vais ficar com o magro que pregaram na cruz”. Fiquei com muita raiva, pois entendia que não gostava dele, mas podia ser um outro rapaz para mim. Depois disso quase que me arrependi do que tinha feito, pois o rapaz ficou muito mal.


    Então pedi conselho ao sacerdote que disse: “não poderia me casar com alguém por pena”, além disso: “eu acho que o Senhor te chama para ser religiosa”; ao que respondi: “eu freira? Nem doida!”. Porém, essa provocação fez questionar-me a começar fazer um discernimento. Tinha claro que seria feliz se fizesse a vontade de Deus, portanto era preciso descobri-la. Foi um ano duro. O pior foi ter que dizer para minha mãe que estava nesse discernimento.


    Percebi, depois de um retiro orientado por um sacerdote Pobre Servo, que Deus me chamava, sim, a ser religiosa. Mas em qual Congregação? Pois as que eu conhecia na redondeza tinham colégios e não me via nessas estruturas. O Padre disse que havia as Irmãs Pobres Servas, mas que estavam no Brasil. Porém, podemos ir conhecê-las e depois decidir. Minha prima, Elba Pereson, estava na mesma etapa de discernimento, o Padre falou com nossos pais pedindo a licença para viajar ao Brasil, pois éramos menores de idade e precisava da licença deles. Foi assim que viajamos a Farroupilha/RS – Brasil, ficando 5 dias na Casa Mater Dei.


    As aspirantes estavam de férias, mas por nossa causa, as que moravam na redondeza vieram para casa. Foram dias lindos. As Irmãs e meninas muito acolhedoras e alegres. Duas coisas que me chamaram a atenção: entre as meninas e as Irmãs havia um clima de confiança, família, e que trabalhavam com os pobres. Em contrapartida, não gostava do hábito, e que fosse no Brasil, tão longe da minha família.


    Família da Irmã Beatriz


    As Irmãs nunca nos fizeram entender que queriam que entrássemos com elas, nos deixaram livres, e isso chamou minha atenção. Um dia, antes de ir embora, pedi para falar com a Irmã Maria Sponda, pois ela, pelo fato que estava no Uruguai, sabia falar castelhano e em nenhum momento senti-me constrangida. Admirou-me a liberdade, pois em Reconquista havia Irmãs que queriam me conquistar dizendo que entrando com elas era uma vida de festa, dança, (e eu pensava: se é para continuar dançando fico na minha casa). Depois da conversa com a Irmã Sponda entendi no meu coração que Deus me chamava nessa Congregação. Chorei muito, pois só imaginar-me com hábito era uma grande humilhação, e pensar de ficar tão longe da família me deixava triste. Depois dessa experiência voltamos para as nossas famílias.


    Minha prima estava decidida e não via a hora de entrar na Congregação. Eu fui mais resistente e demorei. Foram 4 meses muito duros de medos, choros e tentações. Um amigo não queria por nada deixar-me ir, pois disse que me queria e eu também acabei me apaixonando por ele, mas percebi que era tentação. Meus amigos apostavam que não ficaria mais de 15 dias. Mas Deus venceu a batalha em mim e por mim, e no dia 21 de maio de 1982 chegamos a Farroupilha.


    Ao entrar no corredor da casa Mater Dei senti uma grande paz e disse a mim mesma: “este é o meu lugar”.  Senti-me muito bem acolhida pelas Irmãs Gemma Consolaro, Annamaria Benedetti e Josefina Soave, e as meninas do Brasil. Estas últimas queriam aprender o espanhol e eu o português. Meninas trabalhadoras, gentis, educadas... Nos primeiros tempos fiz comparações, por exemplo: sábado de noite às 22 horas estaria saindo para uma festa e agora estava indo dormir, porém estava indo dormir feliz. Assim percebi que não tinha muitas diversões externas, mas era feliz por dentro. Entrei no Postulado no início de 1983, e no final do ano no Noviciado. Professei no dia 1 de janeiro de 1986. Minha primeira missão foi em Salto - Uruguai por 4 anos; depois 9 anos em Benguela - Angola; Farroupilha - 5 anos; Marituba 3 anos e meio; e novamente em Salto por 7 anos. Desde o final de 2015 em Porto Alegre; 2020 em Reconquista - Argentina (minha terra natal); e 2021, no presente momento, em Buenos Aires - Argentina.


    Olhando para trás só posso dizer que Jesus sempre me seduziu, buscou e fez com que o buscasse, do contrário não iria conseguir segui-Lo pelas minhas forças e decisões. Eu achava que ao entrar na Vida Religiosa para fazer o que era a vontade de Deus acabaria minha felicidade, mas posso dizer que desde que entrei comecei a ser profundamente feliz. Com dificuldades, sim, mas vivo serena e em paz, pois o amor de Jesus dá sentido à minha vida.


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    Fonte: Revista A Ponte, Ed. 4,2021.
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