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    Santa Missa: ritos finais

    “Celebramos a Eucaristia para aprender a tornar-nos homens e mulheres eucarísticos.” (Papa Francisco)

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    18.02.2022 10:36:53 | 7 minutos de leitura

    Santa Missa: ritos finais

    Irmão Rafael Pesdro Susrina, psdp

    Os Ritos Finais são caracterizados pela brevidade e simplicidade, concluem a Santa Missa.

    Ritos Finais
    “Aos ritos de encerramento pertencem:
    a) breves comunicações, se forem necessárias1;
    b) saudação e bênção do sacerdote, que em certos dias e ocasiões é enriquecida e expressa pela oração sobre o povo, ou por outra fórmula mais solene;
    c) despedida do povo pelo diácono ou pelo sacerdote, para que cada qual retorne às suas boas obras, louvando e bendizendo a Deus;
    d) o beijo ao altar pelo sacerdote e o diácono e, em seguida, a inclinação profunda ao altar pelo sacerdote, o diácono e os outros ministros.” (Instrução Geral do Missal Romano, n. 90)

    A primeira ação realizada nos ritos finais é a leitura dos avisos. Em algumas comunidades chegam a ser exaustivos, pela quantidade proferida. Pois além de, somente, comunicar o que há de relevante para a comunidade reunida, fazem comentários, explicações sobre cada um dos avisos, protelando na celebração um momento que não deve ser longo e enrolado, mas prático e claro. Comunicando o que é para ser comunicado, e ponto final.

    A acolhida de novos membros na comunidade, parabéns aos aniversariantes, sorteio de rifa, entrega de presentes aos dizimistas... são tantas as situações que acontecem nesse momento. Mas ao invés de dizer se todas são ‘importantes’ para acontecerem dentro da Santa Missa ou uma sim e outra não, ou ainda, se podem ou não podem ser realizadas, deixarei a complexidade desta resposta para a consciência de cada um, buscando trazer a memória algumas perguntas que podem ajudar na reflexão: o que significa celebrar a Santa Missa? O que é a Santa Missa? Dentro da Santa Missa, essas ações realizadas se encaixam? Recordo a frase do Papa Francisco: “A Missa significa repercorrer o calvário, não é um espetáculo”. Por isso, neste momento, deve evitar qualquer coisa que destoe do mistério celebrado. Todos devem sair refletindo a Palavra de Deus e a grandeza da sua Misericórdia e não como se estivessem estado em uma festa ou lugar qualquer.

    Posteriormente, inicia-se a bênção do sacerdote. Assim como a Missa teve seu início com o sinal da cruz, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, é em nome da Trindade que concluiremos o momento central de nossa vida. “O sinal da cruz, – discorre o Papa Bento XVI –, significa pronunciar um sim visível e público Aquele que morreu por nós e que ressuscitou, ao Deus que na humildade e da debilidade do seu amor é Onipotente, mais vigoroso que todo o poder e inteligência do mundo.”2  É reconhecer o amor de Deus e aceitá-lo em nossa vida, deixando-nos ser transformados por Ele. Por isso, nesse momento, precisamos estar conscientes do que estamos a receber.

    Um gesto que muitas vezes esquecemos de fazer e, portanto, viver é o ato de se inclinar. E nesse momento somos convidados a inclinar-nos para receber a bênção de Deus. Inclinar-se diante de alguém é sinal de grande respeito; é também adoração, diante do Santíssimo Sacramento. Os fiéis inclinam a cabeça para receber a bênção solene. O Papa Bento XVI explica essa realidade, quando cardeal:

    “Quando a mão do sacerdote, ao nos abençoar, se estende sobre nós, inclinamo-nos e guardamos uns instantes de silêncio, porque sabemos que o dedo de Deus, o dedo do amor que move o universo, por um instante, chega um pouco mais perto de nossa vida; porque sabemos que nosso destino está nas mãos de quem agora nos deseja felicidade e é o único que tem o poder não somente de nos desejar felicidade, mas também de concedê-la. Talvez também vos tenha chamado atenção alguma vez o fato de que a bênção se dá com o Sinal da Cruz; com o sinal, portanto, que nos recorda o último desamparo do Deus-Homem [...], e, em geral, íntimo desamparo, que subjaz no fundo de todas as coisas. Mas isso tem que ser assim. Isso nos recorda a dura e, no entanto, ineludível realidade de que toda bênção procede de um sacrifício; de seu sacrifício.”3 

    A terceira ação é a despedida do povo, proferida pelo sacerdote ou diácono: “Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe.”. Respondida pela assembleia: “Graças a Deus.”. Mas o que significa esse momento, um ir embora contente e feliz por ter acabado o suplício? Espero que ninguém há de responder que ‘sim’, pois como nos exorta o Papa Francisco: “quando a Missa termina, tem início o compromisso do testemunho cristão. Os cristãos não vão à Missa para cumprir um dever semanal e depois esquecer-se, não! Os cristãos vão à Missa para participar na Paixão e Ressurreição do Senhor, e em seguida viver mais como cristãos: tem início o compromisso do testemunho cristão! Saímos da igreja para ‘ir em paz’ levar a Bênção de Deus às atividades diárias, aos nossos lares, aos ambientes de trabalho, às ocupações da cidade terrena, ‘glorificando o Senhor com a nossa vida’.”4  São esses alguns dos elementos que fazem parte da nossa resposta “Graças a Deus”.

    Concluindo a Santa Missa devo questionar-me:
    Quais são as sementes que colhi, ao ouvir Deus falar, que buscarei cuidar para produzir frutos durante esta semana?
    Do jeito que iniciei a Santa Missa estou saindo ou mudou algo em mim? O que devo fazer?
    Não mudou nada ou eu não quis me abrir a ação de Deus?
    Vivi profundamente o Mistério celebrado, ou fiquei ocupado com distrações? 

    Não é normal nos encontrarmos com quem Amamos e não sairmos transformados por ocasião deste encontro. Pois “devo sair melhor que quando entrei, com mais vida, com mais força, com mais vontade de dar testemunho cristão.”5  De converter o que ainda há de desagrado a Deus em minha vida. Se ainda não aconteceu alguma mudança, não preciso me desesperar, pois devo continuar participando ativamente e implorando, cada vez mais, ao Espírito Santo para que me conceda a graça de viver este mistério, de deixar-me transformar por ele, abrir-me a Graça.

    Por fim, por que celebramos a Eucaristia? O Papa, mais uma vez, nos ajuda a responder: “para aprender a tornar-nos homens e mulheres eucarísticos.”6  Mas o que isso significa na prática? “Significa deixar que Cristo aja nas nossas obras: que os seus pensamentos sejam os nossos, os seus sentimentos os nossos, as suas escolhas as nossas. E isto é santidade: agir como Cristo é santidade cristã.”7 

    A Santa Missa não é uma celebração separada da vida, é o momento mais alto da vida cristã. Deve influir em toda nossa vida, pois não termina quando recebemos a benção, mas continua ao longo da vida.

    O sacrifício de Cristo deve ajudar o cristão a suportar com alegria os sacrifícios e os sofrimentos que nos reserva a vida. Tornando-se “dom” a serviço da Igreja e dos irmãos segundo o exemplo de Jesus que se doou ao Pai e à humanidade. Desta forma a celebração da Santa Missa não é somente “ritual”, mas “vital”.

    Vivamos em busca da santidade. Vivamos intensamente a Santa Missa. Vivamos Cristo.

    “Lembremo-nos ó meus queridos, que a primeira e grande honra a ser buscada é a da santidade de nossa vida.” (São João Calábria)

    ________________
    Os negritos dentro do texto da Instrução Geral do Missal Romano, são detalhes do autor, visam dar destaque a explicações que não se faziam presentes nas edições anteriores do Missal Romano.
    2 BENTO XVI, Papa. Angelus, 11 de set. 2005. http://www.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/angelus/2005/documents/hf_ben-xvi_ang_20050911.html. Acesso em: 01 dez. 2020.
    3 RATZINGER, Joseph. Introdução ao Espírito da liturgia. São Paulo: Loyola, 2013. p. 153. 
    4 FRANCISCO, Papa. Audiência Geral, 4 de abr. de 2018. http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2018/documents/papa-francesco_20180404_udienza-generale.html. Acesso em: 13 set. 2020.
    5  Ibidem.
    6 Ibidem.
    7 Ibidem.

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