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    Liturgia das Horas: a oração do Povo de Deus

    “A Liturgia das Horas é oração da Igreja com Cristo e a Cristo”

    Artigos

    27.02.2021 17:07:10 | 7 minutos de leitura

    Liturgia das Horas: a oração do Povo de Deus

    Irmão Rafael Pedro Susrina, Psdp.

    A comunidade cristã deseja diariamente amar a Deus com todo o coração, com toda a alma e com toda a força (cf. Lc 10,27). Servi-Lo torna-se manifestação deste desejo. E são inúmeras as possibilidades para a realização deste projeto de vida. Todas, entretanto, partem da visão de Liturgia, ou melhor, da visão plena sobre “A beleza da Liturgia católica”. Não é possível servir a Deus sem liturgia, pois Liturgia é Serviço. Todo o meu ser diário, e não só o meu fazer, é Liturgia quando a compreendo e vivo bem: Liturgia-Serviço-Deus.

    O batismo tornou-nos, dentre inúmeras graças, adoradores/servidores de Deus pelo simples fato de existir. Por esta dádiva percebe-se a necessidade de melhorarmos nosso conhecimento pleno de Liturgia, suas belezas, e aproveitarmos de todas as formas as práticas da Igreja que nos ajudam a vivermos melhor o nosso dia, ou seja, servirmos a Deus. Por isso falaremos da Liturgia das Horas.

    O que é Liturgia das Horas?

    A Liturgia das Horas, oração pública e comum da Igreja, é a oração de Cristo com o seu corpo, a Igreja. Por seu meio, o Mistério de Cristo, que celebramos na Eucaristia, santifica e transfigura o tempo de cada dia. Ela se compõe principalmente de Salmos e de outros textos bíblicos, e também de leituras dos Padres e dos mestres espirituais.

    Quem reza a Liturgia das Horas?

    A Liturgia das Horas é oração de todo o Povo de Deus, ou seja, de clérigos, religiosos e leigos; e não apenas dos membros da hierarquia e de religiosos professos de votos solenes. A Igreja recomenda que os leigos rezem o Oficio Divino com os sacerdotes ou reunidos entre si, inclusive em particular. (cf. Sacrosanctum Concilium, n. 100).

    Liturgia: porque faz parte do culto público da Igreja, pertence a todo o corpo eclesial, manifesta-o e envolve-o.

    Das Horas: porque é essencialmente oração destinada a santificar as horas do dia e da noite, isto é, todo o tempo. Servir a Deus!

    Quando celebrar a Liturgia das Horas?

    A Igreja celebra a Liturgia das Horas no decorrer do dia, conforme antiga tradição. Os Atos dos Apóstolos atestam que a comunidade cristã orava em comum e também em particular dentro de determinadas horas.

    Quais são as horas a serem celebradas?

    Desde muito cedo preservou-se o costume de reservar para a prece comum tempos fixos, como a última hora do dia, ao anoitecer, quando se acendiam as luzes, ou a primeira, quando, saindo o sol, a noite encerra. Com o decorrer do tempo, chegaram a santificar com uma prece comum também as demais horas: “Os discípulos reunidos as nove horas” (At 2,1-15); o príncipe dos apóstolos “subiu ao terraço para orar pelas doze horas” (10,9); “Pedro e João subiam ao templo a hora da oração, as quinze horas” (3,1); “Por volta de meia-noite, Paulo e Silas, em oração louvam a Deus” (16,25).

    As horas são 7: Ofício da Leituras, Laudes, Terça, Sexta, Nona, Vésperas, Completas.

    Ofício das Leituras: esta hora se celebrava durante a noite. Com a nova reforma litúrgica, embora conserve no coro a índole de louvor noturno, recebeu modificação permitindo ser recitada em qualquer hora do dia.
    Laudes: oração estreitamente vinculada, por tradição, com o tempo que encerra a noite e abre o dia. É a voz da esposa, a Igreja, que surge para “acordar o esposo”. Relembram a ressurreição de Cristo que ocorreu ao amanhecer, cantam: Cristo, ‘sol nascente’, luz que ilumina o mundo.
    Terça: recorda principalmente a descida do Espírito Santo e a crucifixão de Cristo.
    Sexta: lembra a oração de Pedro na casa do curtidor de couro (At 9,43), a agonia de Cristo e a sua Ascensão ao Céu.
    Nona: evoca a oração de Pedro e João no templo (At 3,1), e as alterações e perturbações da terra narradas pelos evangelistas e a morte de Cristo.
    Vésperas: estão intimamente ligadas à tarde, que é simultaneamente conclusão do dia e começo da noite. Celebrada quando anoitece e o dia já declina, para ‘agradecer a Deus’ o que nele temos recebido e o bem que fizemos.
    Completas: oração que rezamos antes do repouso noturno, mesmo que este comece depois da meia-noite. Podemos pedir perdão das faltas cometidas durante o dia que terminou.
    Todo o dia de uma pessoa estava centralizado no desejo de poder Servir a Deus, santificando-o por meio de orações. Transfigurando nossa forma de viver a Cristo. Cada um, dentro do seu estado de vida, é convidado a rezar estas santas Horas. Todas ou algumas, dando atenção especial as Laudes e Vésperas, são verdadeiras práticas de piedade, santificação e expiação.

    Porque celebrar a Liturgia das Horas?

    Para cumprir o mandato do Senhor de orar sem cessar e ao mesmo tempo, cantar os louvores a Deus Pai e interpelar pela salvação do mundo.

    Importância da Liturgia das Horas (Ofício Divino)

    A oração pública e comum do povo de Deus é considerada com razão entre as principais funções da Igreja. A Liturgia das Horas ou Ofício Divino é antes de tudo oração de louvor e petição, e é oração da Igreja com Cristo e a Cristo.

    - A oração de Cristo: Cristo orante do Pai. O Verbo veio ao mundo para comunicar a vida de Deus aos seres humanos, como esplendor de sua glória, “Sumo Sacerdote da Nova e Eterna Aliança, Cristo Jesus, ao assumir a natureza humana, trouxe para este exílio terreno aquele hino que é cantado por todo o sempre nas habitações celestes.” (SC¸ n. 83). O louvor a Deus ressoa no coração de Cristo com palavras humanas de adoração, propiciação e intercessão. Tudo isso, Ele dirige ao Pai, como Cabeça que é da humanidade renovada e Mediador entre Deus e os homens, em nome de todos e para o bem de todos. (cf. Instrução Geral da Liturgia das Horas, n. 3).

    - A oração da Igreja:   é um preceito, uma necessidade, que deve ser humilde, vigilante, perseverante e confiante na bondade do Pai, com intenção pura e conforme a vontade de Deus. Sendo oração de louvor, ação de graças, petição e intercessão em favor de todos. A Igreja continua a oração de Cristo, pois todo o seu corpo participa do sacerdócio de Cristo, de sorte que os batizados, pela regeneração e unção do Espírito Santo, são consagrados como casa espiritual e sacerdócio santo, e se tornam aptos para exercer o culto da Nova Aliança, culto que não provem de nossas forças, mas dos méritos e dom de Cristo. Por isso, a dignidade da oração cristã tem sua raiz na participação da mesma piedade do Unigênito para com o Pai e daquela oração que lhe dirigiu durante sua vida terrena e que agora continua, sem interrupção, em toda a Igreja e em cada um de seus membros, em nome e pela salvação de todo gênero humano. Sempre acompanhados pelo Espírito Santo, que está em Cristo, em toda a Igreja e em cada um dos batizados, O qual realiza a unidade da Igreja orante, ou seja, não pode haver oração cristã sem a ação do Espírito Santo, que unifica a Igreja inteira, levando-a pelo Filho ao Pai. A índole comunitária da oração é característica da Igreja e da Liturgia das Horas, “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles.” (Mt 18,20). (cf. IGLH, n. 5-9).

    A Liturgia das Horas, estes momentos de oração, são atos religiosos de altíssimo valor. Assim como toda oração possui suas raízes nas profundezas de todo ser humano como criatura de Deus, o homem, que vem inteiramente de Deus, deve reconhecer e professar esta soberania do seu Criador. Dediquemos cada vez mais tempos de oração ao nosso Deus! Expressemos nosso amor! Vivamos melhor o nosso dia santificando as nossas horas a quem nos deu tudo.

    “Deixe-se tudo, mas não se deixe a santa meditação, o santo Ofício [Liturgia das Horas] e as práticas de piedade, o exame de consciência no momento oportuno, a hora diante de Jesus sacramentado, a prestação de contas, a exata observância das Regras...” (São João Calábria) 

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