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    Documento Final: unidade, diversidade, sinodalidade, o sonho de Deus que agora é nosso

    A Família Calabriana agora tem um Documento único, mas ao mesmo tempo plural, muito mais rico, multicultural, intergeracional, construído a milhares de mãos, a partir da escuta de todos os membros desta Família Carismática Calabriana espalhada pelos cinco continentes da Terra.

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    07.01.2023 16:38:05 | 8 minutos de leitura

    Documento Final: unidade, diversidade, sinodalidade, o sonho de Deus que agora é nosso

    Olhando assim, dá impressão de que estamos diante de uma mistura indefinida de conceitos e significados, mas no final, percebemos que são faces de uma mesma moeda, o Carisma Calabriano. A Obra Calabriana tem hoje 115 anos desde aquele longínquo 26 de novembro de 1907, quando oficialmente São João Calábria, iniciava a Obra dos Bons Meninos (Opera Buoni Fanciulli). Daí por diante nasceram as Constituições e o Diretório como as normas jurídicas, as indicações carismáticas com o jeito de ser e de viver de três Congregações religiosas e das leigas e dos leigos, que se sentem vocacionados a viverem a experiência carismática da confiança e do abandono na Divina Providência.

    Como Vida Religiosa, a Congregação dos Pobres Servos e das Pobres Servas, a cada seis anos realizam seus Capítulos Gerais, às vezes com a participação de leigas e leigos calabrianos. O percurso carismático, fez amadurecer a intuição de São João Calabria de que a Obra dos Bons Meninos é mais que isso, é uma Família Carismática com uma missão muito específica: “Reavivar no mundo a fé em Deus Pai, vivendo abandonados em sua Divina Providência”. E foi essa compreensão e maturidade, impulsionadas pela provocação do Papa Francisco para que Igreja retorne à experiência dos primeiros cristãos, a vivência da sinodalidade, que em 2022, se realizou o 12º Capítulos Gerais de ambas as Congregações, sendo este o 1º Capítulo da Família Calabriana. Ao final de cada Capítulo Geral, sempre é elaborado um Documento Final, que contém as definições, orientações e deliberações, que conduzirão a Congregação durante os seis anos seguintes à realização deste.

    O Documento Final dos 12º Capítulos Gerais, não é como os demais Documentos dos Capítulos realizados anteriormente. Não existem mais o documento das Irmãs Pobres Servas e o dos Pobres Servos, o que temos hoje como Guia é um único Documento, aquele da Família Calabriana. Um documento único, mas ao mesmo tempo plural, muito mais rico que nunca, multicultural, intergeracional, construído a milhares de mãos, a partir da escuta de todos os membros desta Família Carismática Calabriana espalhada pelos cinco continentes da Terra.

    Ao longo de dois anos, os Leigos, as Religiosas e os Religiosos Calabrianos ouviram os gritos das mais variadas realidades mundiais e juntos, intuíram, o que Deus está sonhando para a Família Calabriana neste momento atual da História da Humanidade. Os gritos ouvidos na África, na Ásia, na Europa, na Oceania e na América Latina, sugeriram o sonho que Deus tem para com os Calabrianos. E assim, a grande Família Calabriana, escolheu entre seus membros, um grupo, que durante quase 30 dias, reunido em Capítulo, em vários cantos do mundo transcreveram em forma de Documento, o sonho de Deus e os caminhos a serem percorridos juntos, para que este sonho se torne realidade. Este sonho se chama COMEÇAR, inspirado no projeto de vida de São Calábria, “HOJE COMEÇO DE NOVO”. A Palavra inspiradora deste Começar é o lema, que fundamenta cada passo a ser dado: “Este é o caminho, percorrei-o” (Is 30,21).

    No mundo bíblico, o “sonho” é uma experiência que marca a vida de muitos personagens, porque o sonho é uma linguagem, uma grande metáfora na qual se encontram as aspirações da Humanidade e o projeto de Deus. É como uma semente, como uma antecipação do futuro, o sonho abre à esperança, suscita curiosidade, ativa as energias projetuais, move a cabeça, o coração e as mãos”. E este sonho de Deus, se tornou o sonho de muitas irmãs e muitos irmãos, que escolheram viver suas vidas à luz da espiritualidade calabriana, portanto, este sonho já é uma realidade, pois segundo o poeta, “sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só. Mas sonho que se sonha junto é realidade” (Raul Seixas). E “COMEÇAR”, agora é o sonho de milhares de Homens e Mulheres do Planeta.

    O Documento/Sonho é composto de três partes que se distinguiram como fases de construção e que se tornaram únicas em sua finalização. Como dissemos, é resultado de uma grande escuta ao redor do mundo, que depois, num primeiro momento, foi sintetizada num grande sonho, aquele de toda Família Calabriana, logo após, as Congregações Religiosas, do grande Sonho, elaboram seus projetos de vida específicos para o próximo sexênio. Assim é o sonho “Começar”.

    A primeira parte do documento, “O sonho de Deus para a Família Calabriana”, foi elaborada na fase sinodal dos Capítulos, vivida conjuntamente por Irmãos, Irmãs e Leigos de 7 a 11 de maio de 2022. Na segunda parte do documento, “O sonho de Deus para a Vida Religiosa dos Pobres Servos da Divina Providência”, encontramos o resumo do trabalho capitular realizado pelos irmãos Pobres Servos. Na terceira parte do documento, “O sonho de Deus para a vida das Irmãs Pobres Servas da Divina Providência”, encontramos o resumo do trabalho capitular realizado pelas Irmãs Pobres Servas, que assim como os irmãos, se reuniram em Maguzzano no mesmo período de 12 a 27 de maio 2022.

    O Documento Final, para cada um dos seus aspectos, apresenta bem definidos:

    1. Um Olhar, que é uma breve análise do contexto, que traz em síntese a partilha sobre as boas sementes reconhecidas no caminho, e também os "joios" que foram possíveis reconhecer no processo sinodal, como obstáculos para ser aquela profecia de comunhão que somos chamados a revelar. 

    2. O Sonho de Deus, que representa uma meta que o caminho sinodal fez emergir como horizonte a ser almejado e que se torna um objetivo concreto a ser alcançado, para que o sonho de Deus se manifeste. 

    3. Os Caminhos a percorrer, onde se encontram as indicações sobre as ações a serem tomadas para o nosso “começar”. Às vezes eles não são uma "novidade". Mas é essencial entender como a novidade é representada pelas realidades da hora atual, que os torna imediatamente praticáveis. 

    4. E, por fim, as Deliberações, que são como os sinais que indicam as estradas a serem percorridas, que expressam claramente as modalidades para empreender aqueles caminhos já identificados. Prioridades, urgências, evidências irrenunciáveis, para serem eficazes.

    O Documento Final não tem vida própria, não se autodetermina, é um instrumento, que como uma bússola, orienta a opção da Família Calabriana, que como disse o Papa Francisco na visita, que os Capitulares fizeram como encerramento dos Capítulos, “vocês ficaram ‘fascinados’ por esta dimensão essencial do mistério de Cristo. Seguindo as pegadas de São João Calábria, escolhestes fazê-lo vosso e testemunhá-lo, e quereis fazê-lo sobretudo na companhia dos mais pobres, dos menos favorecidos, dos excluídos da sociedade, que são as vossas ‘pérolas’, como ele, vosso Fundador, os chamou”. Todo começo, deixa para trás um final, e o sonho de Deus, que agora é também o nosso sonho é, como São João Calábria sempre fazia, “COMEÇAR DE NOVO”. E começar de novo, como bem disse o Papa Francisco, é “cultivar a confiança na providência divina junto com os pobres, que faz de vocês artesãos de uma ‘cultura da providência’. Isto é muito importante! Não se deve perder esta dimensão, esta cultura da providência que vejo como antídoto à cultura da indiferença, infelizmente difundida nas chamadas sociedades do bem-estar. De fato, a espiritualidade cristã da providência não é fatalismo, não significa esperar que as soluções dos problemas e os bens de que precisamos chovam do céu. Não. Pelo contrário, significa tentar assemelhar-se, no Espírito Santo, ao nosso Pai celestial no cuidado de suas criaturas, especialmente as mais frágeis, as menores; significa partilhar o pouco que temos com os outros para que a ninguém falte o necessário. É a atitude de cuidado, mais do que nunca necessária para contrariar a de indiferença”.

    Para finalizar, tenhamos muito claro e sempre, o Documento Final não é uma camisa de força, que nos obrigará a vivermos este sonho, mas sim, é a presença viva de Deus, que com sua ternura, nos tornará cada vez mais, irmãos dos irmãos, principalmente dos mais excluídos e marginalizados, mantendo acesa em nós a chama que aquece o nosso espírito de fraternidade, que gera caridade e nos tornará cada vez mais humanizados e humanos.

    Irmão Sílvio da Silva, psdp.

    Artigo publicado na Ed.2/2022 da Revista A Ponte. Clique aqui para acessar a Revista completa.

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