As parábolas da oração
Cadernos sobre a oração - 5
Jubileu 2025
14.06.2024 13:35:31 | 6 minutos de leitura

Padre Rafael Pedro Susrina, psdp.
Jesus ensinou a rezar de uma forma única através das parábolas. Antes dele, João Batista e os fariseus também ensinaram a rezar, mas de maneiras bem diferentes. Jesus escolheu a vida cotidiana do povo para ensinar a rezar, não seguindo o caminho dos “mestres”.
Jesus e a oração
Jesus foi um homem de oração, se retirava frequentemente para rezar, e ensinou seus discípulos a rezarem. Os principais lugares de oração de Jesus incluíam o templo, a sinagoga, o deserto e as montanhas. Sua oração era cotidiana, intensa, refletindo uma profunda humanidade e a relação com Deus Pai. Diversos conteúdos de suas orações são transmitidos nos Evangelhos, incluindo a invocação “Abbá”, que revela o amor infinito de Deus pelos seres humanos. As parábolas e os ensinamentos de Jesus sobre a oração refletem a piedade judaica e a sabedoria em viver no mundo. A oração de Jesus é um exemplo de humildade, confiança e devoção a Deus, ensina seus discípulos a rezarem com sinceridade e fé.
O Pai-Nosso (Lc 11,1-4): a oração dos discípulos
As parábolas sobre a oração começam com a seção breve que o Evangelista Lucas dedica ao tema (Lc 11,1-13). Durante a viagem de Jesus com seus discípulos para Jerusalém, um discípulo pede a Jesus para ensiná-los a orar, assim como João Batista ensinou aos seus discípulos. Jesus transforma a oração em algo diário, normal e constante em contraste com a abordagem mais ritualística dos fariseus.
O Pai-Nosso é uma oração fundamental, transmitida em duas versões diferentes por Mateus e Lucas. A versão de Lucas contém cinco pedidos, centrando-se na santificação do nome de Deus, no advento do Reino, no sustento diário, no perdão e na proteção contra a tentação. Jesus ensinou a orar com parábolas, como podemos ver em exemplos como a parábola do amigo impertinente e a do pai misericordioso. As parábolas sobre a oração apresentam a paternidade infinita de Deus sobre o mundo, revelando a importância da oração diária e da conexão íntima com o Pai Celeste. Jesus se destaca como mestre de oração ao ensinar por meio de parábolas extraídas da rotina diária.
O amigo impertinente e o pão cotidiano (Lc 11,5-13)
A primeira parábola de Jesus sobre a oração enfatiza a invocação do Pai e a súplica pelo pão cotidiano. A parábola do amigo impertinente destaca a importância da persistência na oração, indo além das emergências e necessidades. A relação entre o pai e seus filhos na parábola ilustra como Deus atende às preces de seus filhos, dando o Espírito Santo aos que pedem.
O Espírito Santo é fundamental na oração, guiando os fiéis na comunicação com Deus e ensinando a rezar com perseverança. A oração deve passar da improvisação à constância, sob a guia do Espírito, para alcançar uma relação confiante com Deus.
O Pai misericordioso e a remissão dos pecados (Lc 15,11-32)
Algumas parábolas de Jesus são verdadeiras obras de arte em termos de beleza, e a parábola do pai misericordioso, filho pródigo, é uma das mais conhecidas. Esta parábola reflete a relação entre Deus e seus filhos, mostrando a compaixão e o amor incondicional do Pai por cada pessoa. A oração do filho pródigo é marcada pela urgência, e sua súplica é atendida imediatamente pelo Pai, que o recebe de braços abertos. O encontro entre o pai e o filho é um momento de grande emoção e de revelação da compaixão de Deus. O Pai restaura a dignidade do filho, vestindo-o com a melhor túnica e celebrando sua volta à vida. A parábola destaca a importância do perdão e da compaixão, mostrando como Deus está sempre disposto a acolher seus filhos de volta, independentemente de seus erros passados.
A parábola também aborda a reação do filho mais velho, que se sente injustiçado e recusa-se a participar da festa de boas-vindas ao irmão. Sua presunção e falta de compaixão revelam a necessidade de reconhecer a fraternidade e a igualdade perante Deus. O pai, mais uma vez, age com amor e misericórdia, pedindo ao filho mais velho para se unir à celebração e demonstrar a mesma compaixão que recebeu. A parábola destaca assim a importância da reconciliação entre irmãos e do perdão mútuo, mostrando que o perdão é uma obrigação que não pode ser ignorada.
Essa parábola nos ensina a rezar de forma correta, lembrando-nos da importância do perdão e da compaixão em nossas vidas. A resposta de Deus com sua santificação e reconciliação com os filhos é um exemplo de amor incondicional e cuidado paterno. Também nos lembra que a reconciliação com nossos irmãos é essencial para a vida espiritual, e que o perdão mútuo é uma consequência natural do perdão que recebemos de Deus. Não podemos ignorar as faltas dos outros e devemos estar dispostos a perdoar e reconciliar, seguindo o exemplo do Pai misericordioso que acolhe seus filhos de braços abertos.
A viúva, o juiz e a fé (Lc 18,1-8)
A parábola da viúva e do juiz apresentam a importância da oração constante e perseverante. A viúva representa a fragilidade na sociedade antiga, enquanto o juiz representa o poder. A justiça de Deus não se baseia em princípios retributivos, mas sim em garantir o direito dos frágeis, como a viúva. A eleição e a justiça se complementam na ação divina de salvar a todos. A parábola enfatiza a necessidade de manter a fé na oração, mesmo diante da tentação de desistir. A oração é vista como um sacrifício de louvor, transformando a fragilidade em força pela graça divina.
O fariseu, o publicano e a santidade do tempo (Lc 18,9-14)
Jesus continua ensinando sobre a oração com a parábola do fariseu e do publicano no templo. Enquanto o fariseu se exalta perante Deus com um discurso de autoelogio, o publicano se coloca de forma humilde, reconhecendo a própria culpa. A oração do publicano é breve, tocante e sincera, pedindo a redenção de seus pecados. Deus, que conhece o coração humano, justifica o publicano e não o fariseu, destacando a importância da humildade e do arrependimento na oração.
A parábola da figueira e a aproximação do Reino (Lc 21,29-36)
A parábola da figueira ensina sobre a importância da vigilância na oração, relacionando a aproximação do Reino de Deus com os sinais dos tempos. Jesus exorta os discípulos a vigiarem orando para não cair no sono da razão. A figueira pronta para germinar simboliza a chegada do Reino, enquanto a comunidade dos discípulos manifesta o Reino de Deus na Terra. A participação entre a criação, os seres humanos e os fiéis revelam-se nos sinais dos tempos, apontando para a importância da oração vigilante na espera do Reino. Jesus exemplifica a vigilância em seus momentos de oração durante sua missão. A parábola da figueira encoraja os discípulos a reconhecerem os sinais dos tempos e a valorizá-los em preparação para a vinda do Senhor.
Mais em Jubileu 2025
- Peregrinos da Esperança: Caminhando com Cristo em um Ano JubilarPeregrinos da Esperança: Jubileu convida à renovação e ação transformadora em Cristo.
31.12.2024 | 4 minutos de leitura
- Dicas para Viver Bem o Ano Jubilar 2025: Um Tempo de Graça e RenovaçãoO Ano Jubilar 2025 é um convite a viver um tempo de graça, renovação espiritual, solidariedade e cuidado com a criação, como "peregrinos de espe...
13.12.2024 | 4 minutos de leitura
- Peregrinos da Esperança: um chamado ao Jubileu de 2025O Jubileu de 2025, com o tema "Peregrinos da Esperança", nos chama à renovação pessoal e comunitária, promovendo libertação, reconciliação e ...
13.12.2024 | 2 minutos de leitura
- A oração que Jesus nos ensinou: o Pai-NossoCadernos sobre a oração - 8
27.06.2024 | 6 minutos de leitura
- A Igreja em oraçãoCadernos sobre a oração - 6
20.06.2024 | 7 minutos de leitura
- Rezar com os santos e os pecadoresCadernos sobre a oração - 4
06.06.2024 | 7 minutos de leitura
- A oração de JesusCadernos sobre a oração - 3
30.05.2024 | 2 minutos de leitura
- Rezar com os salmosCadernos sobre a oração – 2
23.05.2024 | 8 minutos de leitura
- Rezar hojeCadernos sobre a oração – 1
16.05.2024 | 5 minutos de leitura
- Spes non confunditDeixemo-nos, desde já, atrair pela esperança, consentindo-lhe que, por nosso intermédio, se torne contagiosa para quantos a desejam.
09.05.2024 | 41 minutos de leitura